Por Entre o Grito da Águia

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Asas

      
          De repente...tão de repente ouvi um bater de asas... asas brancas, alvas como a neve.
              Voaram para longe, para longe. Longe do alcance da minha vista.
          Ainda havia palavras para serem ditas, sorrisos para serem sorridos, gestos para serem executados…
        Agora...não. Não há mais nada! As palavras não poderão ser pronunciadas, os sorrisos não poderão ser executados… e, os gestos… não mais serão traçados…
        Simplesmente pararam abruptamente, sem que alguém ou algo o pudesse evitar…
          Vou olhar ao meu redor e sentir a tua ausência… ausência! Esta palavra que pode causar dor, saudade… Ah saudade!... Saudade!
           Vêm-me à memória o som de umas asas... asas brancas a esvoaçar, a voar para longe... para longe…
           Quando ainda pode haver tanta coisa para dizer, sorrisos e risos, gestos... tanta coisa!
           Tanta coisa que pára de repente…
           Ah! Se eu soubesse quando a minha vida iria parar!!!
        Como seria o meu pensamento?... O meu viver?... O meu falar?... O meu sentir?...
           Ah Vida!... Ah Fado!...

A Partida

           A Vida é efémera. Tudo é efémero. Não vale a pena negar, mas a partida apanha-nos por vezes de surpresa. Então sinto um aperto na garganta, um peso no peito: como  se este fosse explodir e estilhaçar-se.
      Não pressenti a tua partida. Ninguém pressentiu.         
          Sei que devo abrir as mãos, e sentir como se tivesse um punhado de areia fina em cada mão... fechar os olhos e deixá-la escoar-se por entre os dedos. Mas lembrar-me-ei de ti… dessa forma generosa de rir, de dar gargalhadas… fora das convenções… do politicamente correcto:
          - "Deixa isso, está tudo bem. Oh mulher, não te rales!" - Estas são as palavras que ecoam em mim.
          E a roda da labuta a girar a girar, pressionando-nos até deixamos de ver e de sentir o que na realidade é importante. Mas a roda da Vida… a roda do Tempo, essa é a principal. É aquela de que nunca nos lembramos… e que um dia simplesmente pára… chegou ao fim o seu girar.
          E agora… já não importa.  Mas será que alguma vez importou?

VIDA, SIMPLESMENTE VIDA !

             Vim ver-te!
        Fecho os olhos e no crepitar andante de pensamentos penso em ti. Vejo-te sozinho e triste. Mas tu não sentes. Não sentes nada. Não sentes a roda da vida a girar a girar...o azul do céu a penetrar nos teus olhos mortiços, escondidos nessas lentes escuras.
          Nesse teu geito formatado que te leva para fora da Vida, já não vês...já não sentes…
          Transmutaste todo o teu ser numa a artificialidade oca, vives encolhido numa vida que não é a tua, num espectro de ti próprio.
         Nesse viver composto de ilusões virtuais...fantasias que se desvanecem como a espuma das ondas. E tu, preso… agrilhoado, agarrado a flocos de fumaça, vivêndo nesse castelo murado e inacessivel que edificaste pedra a pedra com esmero…
Essas pedras inertes e frias onde te escondes, gelaram-te a Alma… sufocaram o teu coração.
          A tua pele tornou-se insensível ao verde e aos tons multicolores que brilham ao sol. Nem consegues ouvir o som do silêncio e os sons subtis que se despreendem naturalmente do mundo da Vida.
          Preencheste o teu olfato de tudo o que é artificial. Os mais imaculados odores os mais puros sabores estão-te vedados.

          Ah! Se ao menos pudesses sentir a essência da Rosa!!!...